Agora, sábado a noite, 20:40 da noite, uma hora mais cedo
que no horário de Brasilia e já escura a bastante tempo, completam cinco dias
que estamos em um novo lugar e em novo estado. Estado de forasteiros a três estados
ao norte do nosso no território nacional.
Em pleno mês de
abril, nosso organismo gauchesco que já aguarda as primeiras friagens, estranha
fortemente a media de 35 graus Celsius. Nossos olhos acostumados ás coxilhas e
montanhas buscam incansavelmente as montanhas e campinas inexistentes, sem
saber da grandeza dessa cidade nova, que nos prega peças por sua planície, e
transforma toda rua em única.
Seguindo a estranheza
ambiental e morfológica vem a estranheza social. Contando todas as pessoas que
conhecemos aqui podemos encher, no máximo, uma mão e meia. Alem dessa escassez
de conhecidos, a distancia pessoal aumenta com a escassez de semelhanças físicas.
Minha pele quase transparente de tão branca acompanhada das características arianas
e um sotaque muito do interiorano e um “Baahhh” bem acentuado, destoam tanto da
população local que me fazem entender bem o que é ser estranho em terras longe
de casa.
Não é que nunca estivesse estado longe de casa, mas cada ida
é diferente, e em cada ida se vai mais que da ultima. E agora, em estado de
mulher casada, me torno visita no lugar que sempre chamei de lar. É tudo uma
junção de novidades e desafios, de desbravos e descobertas, quase como nascer de
novo.
E pense que benção, nascer de novo! Quantas pessoas podem
ter esse privilegio?! Se ate aqui toda essa descrição de cenário pareceu um
lamento, coloque as lentes cor de rosa e me acompanhe na maravilha que é nascer
de novo.
Nem todos nós temos a sorte de manter um auto-amor e
admiração de si mesmo por toda a vida. As vezes passamos por baixos e fazemos
coisas das quais não nos orgulhamos nada.
Tem aqueles dias que nos perguntamos qual o propósito da nossa existência,
e em outros amaldiçoamos o dia do nosso nascimento. Que maravilhosa benção
nascer de novo!
Se quando crianças, já soubéssemos de tantas coisas, como
seria mais linda a vida. Se desde que abríssemos os olhos escolhêssemos ver o
lado lindo da vida, que linda vida seria. Mas o ditado que diz “ninguém nasce
sabendo” é totalmente real. Não nascemos sabendo que ser feliz é uma escolha. Não
sabemos que todo limão, indiferente de cor e espécie pode ser limonada. Não sabemos
que cada mudança louca da vida é uma brilhante oportunidade de começar tudo de
novo.
Achamos que só se pode nascer uma vez, mas acredite em mim,
com um pouco de coragem, bastante fé e muito amor, você pode renascer a
qualquer momento para se tornar uma pessoa melhor. É possível sim ser a pessoa
que admiramos. É possível sim que a vida seja linda onde quer que estejamos.
Aqui a tantos quilômetros da nossa terra, existe tanta
beleza a ser vista, tantas araras colorindo o céu e o som, tantas capivaras mansas
com seus filhotes na beira da lagoa fazendo imaginar como será o paraíso. Aqui tão
longe da nossa terra e ainda assim em nosso país, existem tantos gostos por conhecer,
palavras a aprender, pessoas a admirar, coisas a entender, quase como nascer de
novo. Que benção nascer de novo sabendo das coisas. Que benção saber que a
beleza esta nos nossos olhos. Que benção ter orgulho de quem se é, se amar e
amar e admirar a pessoa que segura minha mão nesse recomeço. Que maravilhosa
benção nascer de novo!
Perfeito texto, sentimentos transcritos na integra. Parabéns
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