Monstro
sagrado. Faz uns dois ou três dias que tomei conhecimento desse termo, e desde
então ele vem habitando meus pensamentos e se repetindo constantemente nos
momentos em que me distraio. Mas antes que se pense em alguma figura lendária
ou assombração, gostaria de esclarecer a origem do termo.
Segundo Jack Canfield, em seu livro Os Princípios
do sucesso, os monstros sagrados são aquelas pessoas, cada vez mais raras, que
por onde passam deixam uma trilha de admiração e inspiração, que carregam nos
olhos uma ternura que muito combina com a serenidade de espírito e com a
sabedoria das palavras, que costumam ser poucas, mas sempre profundas e úteis.
Aquela pessoa que é difícil de, sequer imaginar, que possa ter difamado alguém
ou que tenha algum julgamento pronto em um relance de olhos, como a maioria de
nós costuma ter.
Monstros
Sagrados são alivio pra alma e um sopro de ar puro nos dias, e nas vidas, das
pessoas que cruzam seus caminhos. E ainda assim são só seres humanos, mas com
personalidades que nos inspiram a ser melhores e nos fazem querer o titulo
também. Certamente você já deve ter conhecido algum, se não pessoalmente, em
livros ou ate mesmo na bíblia- lá têm vários.
Mas depois de
alguns instantes ou dias de contemplação começam a surgir as auto-perguntas. O
que eu preciso pra ser um deles? Será que falta muito pra eu inspirar os
outros?
Deparamos-nos
com um espelho qualquer e a verdade nos esbofeteia as faces. Sim, falta muito!
Não contentes com o reflexo, olhamos nossos dias passados. Quantos erros,
quantas magoas espalhadas, quanto egoísmo alimentado. Que ousadia pensarmos em
ser um deles, quando sequer nos sentimos dignos de sua presença.
Mas é ai onde
as semelhanças entre essas criaturas se fundem com as borboletas. Estas nascem
de ovos abandonados, ninguém sequer os choca. Quando saem, por mais que se
esforcem comendo tanto quanto podem, o máximo que alcançarão é tronar-se
grandes lagartas feiosas e peludas, e quando não, venenosas. Como muitos de
nós, que no máximo dos nossos esforços egoístas, só conseguimos nos tornar mais
repulsivos e venenosos, ou tão abandonados de nós mesmo que não nos
distinguimos das cascas das arvores.
Enquanto a
lagarta continuar sobre as folhas tentando acumular tudo para si, nenhuma mudança
pode acontecer. É necessário que ela pare o que esta fazendo, pendure-se de ponta
cabeça, teça um casulo e ali aguarde ate estar madura. Algumas demoram mais,
outras menos, mas todas precisam aquietar-se e amadurecer vendo o mundo ao
contrario.
Pra alguém se
tronar um Monstro Sagrado precisa seguir exatamente o mesmo processo. É
necessário estar disposto a mudar as atitudes, aberto a um novo ponto de vista,
mesmo que seja ele de inverso ao usual. Diga-se de passagem, o usual da nossa
sociedade atual é totalmente incapaz de criar sequer meio monstro beato.
É necessário
aquietar-se, tecer um casulo de conhecimentos profundos, de filosofias
construtivas e positivas, de pensamentos realmente pensados questionados e
averiguados, e não idéias prontas. E depois de algum tempo desenvolvendo-se e amadurecendo
dentro desse casulo é que se estará maduro e pronto para alçar vôo, exibindo
suas brilhantes cores a luz do sol de uma vida totalmente diferente.
Que falta nos
faz mais borboletas brilhantes e mais Monstros Sagrados. Mais pessoas dispostas
a agir em prol do que é de fato bom e satisfatório na vida, mais pessoas
dispostas a aprender e a ensinar com o coração e a alma, dispostas a ajudar e
fazer a diferença em dias onde a indiferença é moda e o desapego é charme.
E que lindo
seria se essa metamorfose virasse epidemia, que a honestidade se alastrasse, e
a vontade de ser melhor florescesse em todos os seres. Mas o lindo mesmo já
existe. Linda é a oportunidade de nós
mesmos tornarmos a atitude e a decisão de sermos nós os próximos Monstros
Sagrados, independente de acharmos que somos lagartas feiosas. Tudo depende da
decisão, da atitude e, de quanto amor estamos dispostos a espalhar, pelo
simples fato de Deus ter nos amado primeiro.
Pasini.
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